sábado, 31 de julho de 2010

Ao vivo e a cores

Ele era bancário. Ela, veterinária. Ou pelo menos era o que ela queria ser. Isso sem contar o que ele poderia ter sido. Há aqueles que trabalham e os que dizem que têm de trabalhar. O dinheiro os colocou frente a frente. Ele esqueceu as próprias pálpebras. Alguns olhares deveriam ser proibidos dentro de bancos. O segurança mandava, pelo celular, mensagens para a amante, que não respondia. Os cachorros não sabiam, mas ela usava decote. Ele fora promovido após muita obediência e um relatório que continha a palavra “correição”. Obrigado e um aperto de mãos – uma delas suada. Seis meses até que veio o destino: um empréstimo para um par de íris azuis. Ele cumpriu. A esperança verdejava num quintal com netinhos, em algum lugar dentro daquela cabeça intuitiva, limitada por um crachá laranja. Ela quis pagar. Mas não pôde.

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